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sábado, 22 de setembro de 2007

De mudança

Pois é, amigos e amigas. Eis que chega a hora. To mudando o Ego Grande pra outro serviço de blogue. Enquanto não fico rico e compro um domínio, o outro também é gratuito, mas é mais simples pra vocês, e mais fácil também. Muita gente não conseguia comentar aqui no blogger, lá é bem mais fácil. A cara do blogue tá mais clean, mais aviadado mesmo, mas tá valendo. Não vou tirar esse aqui do ar não, só quando o pessoal já tiver se acostumado. Como são dezenas de milhares de visitas por hora no meu blogue, ele vai ficar por aqui por um bom tempo. Espero que gostem. Ósculos e amplexos.

Ah, o endereço novo é http://euemeuegogrande.wordpress.com.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Você e ela


Você já falava inglês quando ela nasceu. Você ouve jazz, blues, rock e bossa, e ela cantarola uns pagodinhos, adora o Eminem e curte o tum-ti-tum-ti-tum das raves. Você vai para barzinho, musiquinha ao vivo e amigos tocando um violão. Pra ela, nenhum lugar com menos de cinco mil decibéis é suficientemente bom. Você fala inglês, espanhol e francês, está fazendo mestrado e pensa em fazer uma segunda faculdade. Ela, cursinho pré-vestibular e curso de inglês. Numa roda de amigos, você fala de música, política e arte. Ela pergunta logo o que aconteceu no capítulo de ontem da novela das oito. Quando você a apresenta pra sua mãe, ouve logo: “mas meu filho, você está namorando uma coleguinha do seu irmão?”. O pessoal do trabalho vive te sacaneando, perguntando se você recita músicas da Ivete pra ela. Você lê Tolstoi, Dickens, Proust, Kafka... Ela tem todos os livros do Paulo Coelho, assina a Caras e não perde um livro do tipo “Fulana F. : drogada, prostituída, fodida e vendendo milhões de livros”. Você se preocupa com os prazos do cliente e com o dinheiro que ainda não caiu na sua conta, e ela só pensa na prova de química. Quando você chega na casa dela pra sair, a mãe dela te olha como se estivesse deixando a filha passar um fim de semana com o Michael Jackson em Neverland. Mas você nunca tinha parado pra pensar nisso. E nada disso faz a menor diferença quando ela te olha com aquele olhar de gatinho em pet shop, diz que está cansada e se aninha no seu peito, fechando os olhinhos, suspirando e pedindo cafuné. Nada disso importa...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

De grão em grão

Você não é a mulher da minha vida. Pelo menos, ainda não. Você não foi meu primeiro amor, nem minha primeira namorada, muito menos minha primeira mulher. Não foi amor a primeira vista nem uma paixão que me arrebatou logo de cara. Não estamos juntos por amigos em comum, afinidades de qualquer grau ou por força do destino. Nada místico, nada mágico, nada “sobe trilha com névoa ao fundo e viveram felizes para sempre”. Foi aos poucos. E, também aos poucos, uma menina que não gostava muito de ler, passou a ser a minha leitora número um. E essa leitura fiel, somada a um contato diário via internet foram fazendo isso tudo começar.

Aos poucos você me conquistou como ninguém fez, repito, aos poucos. Paixões arrebatadoras não nos deixam escolha. Não precisam de motivo nem causa. Com você foi aos poucos. E não vou mentir, você tem uma coisa que mulher nenhuma teve: apesar da admiração que você tem por mim – que não cabe aqui discutir se mereço ou não, apesar de achar que não – apesar disso, você me aceita com todos os defeitos de uma maneira que me dá até medo. Chato, brigão, ciumento, cínico, debochado, transbordando humor negro e sarcasmo... Mesmo não sendo nada disso com você, tirando o ciumento... Não é questão de aceitar cegamente, como muita gente faz. A questão é que você entende que ninguém é perfeito, nem você, eu muito menos, e aceita isso. Não fica posando de superior, me corrigindo o tempo todo ou me recriminando. Você reclama quanto tem que reclamar, e fala quando tem que falar, mas sem me achar um estuprador que acabou de sir da cadeira, como várias pessoas fazem...

Queria que as coisas fossem um pouco mais fáceis, você e alguns de vocês sabem do que eu to falando. Queria poder participar mais do seu dia a dia, do seu crescimento constante e dessa fase difícil da sua vida, de escolha profissional e tal. Queria eu ter alguém pra me ajudar, as coisas teriam sido em mais fáceis. E você me escuta quando eu falo sobre coisas que eu já passei, porque você sabe que não falo por mal, falo pra você pegar os atalhos que eu poderia ter pegado e ninguém me mostrou. Com dez anos a menos, você uma maturidade que eu não vou ter em cinquenta anos, e que poucas mulheres com quem já me envolvi tiveram. No sentido de ouvir, de prestar atenção, coisa que eu nunca tive. Sempre me fodi, com muito orgulho, inclusive. Você faz hoje, o que eu aprendi a fazer depois de anos me fodendo. “Só um idiota aprende com os próprios erros. Um sábio aprende com os erros dos outros”. E você ta aprendendo com os meus, que não foram poucos, diga-se de passagem.

É isso. Aos poucos, bailarina, você me trata e gosta de mim de uma maneira que eu achei que só existisse em filme. Sem desespero, sem morrer por isso. Só gostando, admirando e cuidando. E pode ter certeza, bailarina, é mútuo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Ai,ai...

Texto velho, mas mais atual do que nunca...

“Um sujeito parado, sozinho, numa esquina, numa noite de chuva e com aspecto feliz. Ou é maluco, ou está apaixonado”. Não me lembro bem de quem é essa frase, mas é sem dúvida uma dessas verdades absolutas, assim como o hidrogênio e a burrice. É, essa frase também não é minha... Originalidade é a arte de saber esconder as fontes, minha senhora. Como? Não,essa também não é minha. Mas vamos ao que interessa, o assunto da frase inicial. O que as pessoas mudam quando estão apaixonadas é uma grandeza! Nego fica simpático, bem humorado, mais calmo, anda na rua rindo sozinho, e tem até quem fique inteligente e passe a gostar de pagode e axé...

Qualquer coisa é motivo pra ficar feliz: se tá sol e de repente começa a chover, e você tá de camisa branca, pasta cheia de papel e sem guarda chuva, você logo levanta a cabeça, olha pro horizonte e fica pensando em o quanto a natureza é bela e imprevisível. Há uma semana atrás você ia estar mandando a natureza pra puta que pariu, por que sempre chove quando você tá sem guarda chuva. Passa um carro em cima de uma poça e te ensopa todo, e você, ao invés de procurar uma pedra e arrebentar o vidro do desgraçado, suspira, sorri e sai chutando a água, se achando o próprio Gene Kelly... No dia anterior você foi dormir às cinco da madrugada trabalhando, e agora, às oito da manhã, toca o diabo do telefone e, ao invés de quebrar o maldito aparelho, arrebentar a tomada e mandar o infeliz pros quintos dos infernos, você atende o sujeito que quer te vender enciclopédia às oito da manhã como se fosse seu amigo de infância, e quando ele lhe dá bom dia, você – que em sã consciência ia fingir que vai comprar o curso só pra encontrar com ele e quebrar a cara dele -, responde prontamente: “É, está um ótimo dia! Não poderia estar melhor!”, compra uma coleção de enciclopédias e ainda indica mais dez amigos que estariam interessadíssimos em comprar enciclopédia às oito da manhã de um sábado de sol. E ainda lhe deseja muito boa sorte e que ele tenha um ótimo dia. E não que ele morra de hemorróidas.

Você não liga pra pisão no pé, empurrão no ônibus nem gente furando fila. Afinal, a vida é tão boa pra ficar se preocupando com essas banalidades... Você senta no ônibus e começa a cantarolar sozinho, sorrindo e batucando no banco da frente. Você escuta uma música numa boate, e se une ao coro dos que cantam com os dedinhos levantados e olhos fechados. Nada te aborrece. Hora extra, vizinho barulhento, a Telemar, nada! Nada consegue te tirar do sério. Você não liga nem pruns malucos chatos e pretensos escritores que ficam enchendo seu saco no seu blogue, fazendo textos tão engraçados quanto dor de dente, tão inteligentes quando redação de “o que você fez nas férias” de curso de inglês de adolescente, e tão empolgantes e interessantes quanto itinerário de elevador. Nem isso te irrita. Nada te irrita. Você é o próprio Dalai Lama. Bom, quase nada. À não ser quando você liga, liga, liga e ela não atende. Aí você levanta, dá um soco no computador, um bico na mesinha de centro, taca uma pedra no pára-brisa do corno que te molhou, mete a porrada no desgraçado que tá querendo furar fila e liga pro palhaço que te ligou às oito da manhã, manda ela pra casa do caralho, e entra nos blogues pra rir dos textos ridículos daquelas bichas enrustidas só pra exercitar seu sadismo. Mas fora, isso, nada, mas nada mesmo, consegue tirar seu bom humor...

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Onde eu tava com a cabeça?

Onde eu tava com a cabeça? Durante todo esse tempo, amigos, depois ficamos, e nem me passou pela cabeça o que tá acontecendo hoje. Eu tinha medo. Medo de você, de mim, dela. Medo de te magoar, te me magoar, de magoar ela, quando ainda restava alguma esperança. Meu Deus, onde eu tava com a cabeça? Desde a primeira vez você gostava de mim de um jeito diferente, e eu, idiota como sempre, fingia que não via. Varria pra debaixo do tapete. A distância, seus amigos, os problemas por causa dela, o medo de ela me querer de volta, tudo isso influenciava.

Aí percebi onde tava com a cabeça: em coisas e razões inventadas, só por medo. Até que decidi engolir o medo. E doeu menos do que eu achava. Seus amigos, os problemas, a distância, nada disso dez diferença quando eu pesei. Você tem o mesmo efeito que o Pedrinho tem sobre mim. Vocês me acham um sujeito tão legal, uma pessoa tão boa, que é foda pra mim não ser assim. E eu não sou. Mas tento ser, mesmo que de leve, pra não decepcionar vocês. Quando você fala pra uma amiga que ela “tem que conhecer o Léo, ele é muuuuito gente boa!!”, além de exagerando demais, você tá me obrigando a ser muito mais legal do que eu sou, e eu quase não sou.

Eu não preciso melhorar, me sinto bem assim. Ninguém é perfeito, e não sou idiota de tentar ser. Eu sou isso aí que todo mundo vê aqui. Mas o medo de decepcionar vocês faz eu me policiar, e pedir desculpas por coisas que eu não fiz a gente que não gosta de mim, ou aguentar certas coisas que algum tempo atrás seriam resolvidas com um bom e velho direto de direita no queixo, e algumas horas de incosciência. E você é uma pessoa normal. Não se acha superior ou moralmente melhor do que eu, nem do que ninguém. Você me acha uma boa pessoa e ponto.

E você gosta de mim sem me julgar, sem tentar me mudar e sem que eu faça nada. Nos vimos meia dúzia de vezes. Nos falamos o dia todo, mas nos vimos pouco. E você gosta de mim do jeito que eu sou. E desse jeito você me ganhou. Eu sou que nem gato de rua: se você tentar me prender e me educar à força, eu fujo. Mas se você me fizer um cafuné e me aceitar do jeito que eu sou, eu posso passar o resto da vida deitado do seu lado no sofá... E ninguém nunca tinha tentado isso antes...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

"Qué qué, não qué tem quem qué"

Eis que surge mais uma musa pro blogue. E novamente, os problemas de sempre. Amigos “preocupados” com a amiguinha estar se relacionando com o próprio profeta de Satã e, por conseguinte, reprovando o que acontece. Já vi esse filme antes. Já vi mais do que Indiana Jones na Seção da Tarde. Nesse caso dos meus novos fãs e leitores aqui do blogue, de DDD 22, parece que além de profeta do cão, eu sou o cara que comia o maníaco do parque na cadeia.

Até aí, tudo bem, democracia, durma-se com um barulho desses, coisa de americano... Mas então, achar, reprovar, não gostar, “se preocupar”, acontece. Não ligo mesmo. O que me chateia, não por mim, mas por chatear a pessoa que está comigo, são os pré-julgamentos. Dessas pessoas que não aprovam e não gostam de mim, nenhuma delas me conhece. Acham que conhecem por causa dos meus textos. Deixo pra elas um poema do Pessoa, no fim do texto.

Então, não me conhecem e já não gostam. Até aí, também tudo bem, nunca comi brócolis e não gosto. No problemo. Mas é aí que vem a parte dos pré-julgamentos. Além de não gostar, agir como se eu não fizesse bem à pessoa em questão, ou como se eu a fizesse algum mal, ou ainda pior, não estar nem aí se faço bem ou mal, e simplesmente não aprovar por ciuminho bobo ou sentimento de “to perdendo a amiga”, é, no mínimo, idiotice. E agir com ela como se ela estivesse errada de estar tentando ser feliz com um sujeito que se preocupa com ela umas duzentas vezes mais do que muita gente que diz que se preocupa, e que além de apaixonado, já tentou por várias vezes, sem sucesso, apaziguar a situação com eles, é, no mínimo, falta de respeito e falta de preocupação com a felicidade da amiga.

É isso. Não costumo desabafar assim, já acham que eu sou veado, se ficar escrevendo assim então, to fodido. Mas nossa história toda, TODO MUNDO sabe quem ta errado. Todo mundo. E todo mundo ta vendo se ela está mal por causa de mim. Se alguém duvida, uma visitinha na nossa página de recados ou nos nossos Nicks pode dirimir qualquer dúvida. E pra quem acha que me conhece totalmente pelo que eu escrevo, pensem duas vezes enquanto lêem esse poema...

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

*Não sou poeta, mas o espírito é o mesmo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Surpresas da vida, ou, "Que pizza que nada..."

Texto antigo, escrito como tema de redação. Mas nunca foi tão atual


Há apenas alguns dias atrás, ele gargalharia diante da simples menção da palavra “namoro”. E faria um longo, cínico e cético discurso sobre como as mulheres não prestam, são instáveis e só gostam de homem filho da puta, por isso ele desistira de seguir por essas veredas. E, depois de falar isso, ele olharia pro alto, estalaria os dedos como um açougueiro antes de destrinchar um bezerro, e falaria com a cara mais lavada do mundo, que, daqui pra frente, o tempo máximo que ele passaria com a mesma mulher – tirando a mãe dele e algumas amigas – seriam as oito horas da suíte em promoção no motel da estrada. Pra ele, dali em diante, isso seria mais do que suficiente. E ainda citaria o famoso frasista Charles Pierce: a mulher perfeita é aquela que se transforma em pizza às seis da manhã. E daria um sorriso tão cruel que faria gelar o sangue do próprio Roberto Jefferson. Ficara assim após a última desilusão, e era esse o pensamento recorrente em sua cabeça naquele momento.

Pois eis que – como é de praxe – a vida lhe pregou uma peça: botou no seu caminho a mulher mais meiga, amável, carinhosa e atenciosa na qual ele já havia botado os olhos. E ele, seguindo seus instintos predatórios, foi à caça. Mas como acontece em desenho animado, a caça tinha um canhão de beijos, afagos, cafunés, sorrisos e suspiros à sua espera. E acertou ele em cheio. Sua resistência caíra por terra. Ele não se reconhecia: ele queria estar com ela o tempo todo, queria ela só pra ele já no primeiro dia e, pasmem, com ela as oito horas não seriam suficientes. Aquele rosto angelical, infantil, e ao mesmo tempo sedutor e convidativo havia acabado de vez com seus arroubos machistas. De vez.

Hoje, algumas semanas depois, a eles lhes parece que se conhecem há anos. E ela faz o que ele acharia que nenhuma mulher jamais fosse fazer: o trata como se ele fosse o último frutilly de uva do deserto do Saara. Como se ele fosse – parafraseando a mim mesmo - vinte quilos mais forte, dez centímetros mais altos e tivesse oito dígitos a mais na conta bancária. E a certeza com que ela faz isso o impressiona e o faz se apaixonar mais a cada dia. E agora, enquanto escreve um texto sobre um cara que não queria mais se apaixonar mas levou uma pernada do destino; enquanto ele faz isso, ele pensa que, à uma da manhã de um domingo, ele só quer beijos, abraços e promessas de amor eterno; e pensa que quando ela o abraça e se aninha no seu peito, se sentindo protegida de tudo e de todos, e dizendo que ele é tudo que ela sempre quis, a última coisa que ele precisa – hereticamente discordando de Pierce – é de uma pizza.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

A Maria Rita é a mulher da minha vida

Pois é. É isso. Sem delongas e sem xurumelas. Descobri a mulher da minha vida. Seu nome é Maria Rita Mariano. É, rapaz... Eu ia fazer um parágrafo com mistério, falando que encontrei a mulher da minha vida e tal, enrolando, pra no final desfazer o mistério. Mas eu não podia gastar um parágrafo em um texto sobre a mulher da minha vida. Sem mais delongas, já gastei três linhas. Vamos ao que interessa. Não bastasse ser filha da Elis com o Cesar Camargo Mariano, claro. Ela é a encarnação da mulher Leila Diniz que tanto nos faz falta hoje em dia! É a mulher que não tem medo de amar, se sofrer e sofrer de novo, de perdoar e tentar de novo! Hoje em dia as mulheres com essa onde de independência e tal, tão mais machos que muito macho por aí. A Maria Rita não. Definitivamente não.

A eterna Leila já falou que “…mas, às vezes, dentro da sociedade que a gente vive, é bacaninha você ter um homem do teu lado, nem um homem – viu? – um companheiro, um treco bacana. Alguém que diga: está pegando fogo? Então vamos apagar juntos”. No seu passo, mas com personalidade e talento próprios, não negando aos seus, a nossa (minha, sou ciumento) Maria Rita versa em uma das suas últimas músicas, que “E se voltar te dou café/Pra ele ninar com um cafuné/Pra deixar teu dia mais gostoso”. Ela ama, sofre e, ao contrário das outras mulheres, não fica revoltada e “moderna”, que não precisa de homem, não chora nem nada.

Isso sem falar que uma mulher que além de escrever e sentir isso pode cantar isso tudo pra você! Pra mim, no caso. O que mais falta? Ela tem tudo o que qualquer homem pede em uma mulher, com os opcionais que nenhum homem tem coragem de admitir. E mesmo assim ela não perde o ar independente, de “não vou morrer se você for embora, mas se você ficar vou te amar com todas as minhas forças”. Ao invés do pensamento corrente atual feminino, que nenhum homem é insubstituível. Porra, ninguém é, mas a gente era muito mais feliz quando vocês mentiam pra gente, e nos faziam pensar que nós éramos sim a razão pela qual vocês respiravam! E é o que a Maria Rita faz. Ela não deixa de ser feminina ou independente por isso, pelo contrário!

Então, Maria Rita, é isso. Acabei de descobrir que você é a minha musa inspiradora, meu modelo de mulher, enfim, a mulher Leila Diniz que nós, homens, tanto estamos sentindo falta. E se os homens estiverem se sentindo intimidados, acuados, inferiorizados ou qualquer outra palhaçada metrossexual dessas, não liga não. Estou aqui, sempre em busca de cafuné, café, e alguém que faça meu dia mais gostoso. Até tenho isso tudo hoje em dia, não com a freqüência que eu gostaria, mas tenho. Mas ela não canta bem como você. Ela vai entender, não se sinta culpada. Ela vai entender...

sábado, 1 de setembro de 2007

Carta a um camarada distante

É, camarada... Tamos ficando velhos, seu filho tá crescendo e nossa contagem regressiva só diminui, levando com ela nosso otimismo, nossa paciência e, sobretudo, nossa fé. Não a fé no sobrenatural, nem no divino. Essa nunca tivemos muita. Mas a fé nas pessoas, nas coisas, no mundo, no amor, nas mulheres e, no meu caso, no fluminense ganhar o campeonato. Nossa situação é muito parecida. Ambos solitários, por motivos diferentes. Você, aí, isolado no meio do nada, trabalhando 27 horas por dia. Eu, aqui onde sempre estive, mas mais sozinho do que nunca, e cheio de gente ao redor. É nessas horas que eu queria muito ter um Pedrinho me esperando pra quando eu chegasse em casa puto da vida, ele me chamasse pra brincar de pirata e recarregasse minhas energias pro dia seguinte, ou pra semana seguinte, ou pro mês até.

O machucado que me incomoda, me perdoe a frase má formada, ainda incomoda. Tá quase bom, mas sabe como é, de quando em vez um ponto solta e sangra um pouquinho. Sabe como é, quando não se tem alguém pra reclamar, qualquer dorzinha demora mais a passar. É isso que falta pra passar de uma vez. Mas nada que o tempo não resolva, sempre resolve. As vezes alguma coisa me faz lembrar de repente, mas bem menos do que antes. Você sabe como eu sou idiota com essas coisas. Deve ser alguma coisa que botavam na água do colégio....

No trabalho melhor não podia estar. Aliás, podia, um aumentozinho é sempre bem vindo, mesmo ainda nem tendo recebido meu primeiro salário. Mas eu gosto pra caralho do que eu faço, lá é muito bom. Pelo menos isso. Durante as aulas de matemática ou de Educação Física, nas nossas conversas o futuro se apresentava para nós com muito mais grana e menos complicações. Casar aos trinta, terminar a faculdade aos vinte e poucos. Nenhum de nós se casou aos trinta nem terminou a faculdade aos vinte e poucos. Você, bem antes do que esperava, mas ganhou um belo presente. Tão belo que de vez em quando eu roubo ele pra mim. E eu, bom, eu continuo fazendo besteira pela vida a fora, um dia eu aprendo.

Quando éramos pequenos achávamos que cresceríamos e não saberíamos fazer nada, e teríamos que fazer uma faculdade genérica qualquer só pra garantir o sustento da família. Hoje descobrimos, mais eu do que você, o que sabemos fazer, e muito bem. Nao quis dizer que eu faço melhor que você só que eu tenho menos dúvidas. Eu tenho um talento bem maior do que achava que teria quando era adolescente cuspindo nos pombos no colégio. Só que nessa época, na nossa cabeça simplória de quem achava que ia mudar o mundo, talento era diretamente proporcional a grana. Pois é, camarada, mas não é. No meu caso, o que ainda me mantém escrevendo, resta saber até quando, é a meia dúzia de comentários em cada texto desse blogue.

E você. Trabalhando na outra ponta do país, enfurnado aí sem internet, telefone, porra nenhuma. De um modo sutil, ambos invejamos a situação ruim do outro. Eu invejo sua solidão forçada e tranquila em um lugar novo, e você inveja o “caminho” que eu to fazendo na carreira. Só que a solidão não é tão legal a ssim, e parece que peguei o caminho errado uns mil quilômetros atrás. E já tá tarde pra voltar, camarada. E você, por mais que seja legal conhecer um lugar novo e por conta própria, ficar long do seu filho não lhe é nada agradável. Pra mim já não seria, imagina pra você.

Mas sabe o pior disso tudo? É que há quinze anos, durante o recreio ou durante as tardes na sua casa jogando RPG, tínhamos uma fé tola e adolescente de que tudo ia dar certo. E hoje, mesmo sabendo que não deu, ainda temos um pouco dessa fé idiota e infantil. E não tenho medo de falar por você, camarada. E é isso que ainda nos mantém aqui, escrevendo, com saudade deo filho, tentando e tentando e se fodendo, pra uma hora poder dizer “nós éramos foda! Sabíamos que ia dar certo”.

Abraços e boa sorte aí pra você, e aqui pra mim. Se acreditássemos em Deus, ia falar “seja o que Deus quiser”. Sempre em frente, e como diria o anarquista John Serzan, “Ou luta ou se cala. Não é tempo de queixas”.

Abraços,

Léo.

Romana Legio Omnia Vincit.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

É bonito ser feio

Voltando do trabalho ainda há pouco, vinha conversando pra distrair a longa jornada até a minha casa. Tinha umas meninas muito bonitas no ônibus, e comçamos a pensar na grande injustiça desse mundo cão. Quando elas chegavam perto das pessoas, quando era homem, logo o sujeito se ajeitava no banco do ônibus pra ela sentar, faltava lamber o assento. Mas quando era uma mulher feia, o sujeito resmungava e fingia que tava dormindo. Esse mundo é realmente muito injusto com as pessoas, digamos, menos favorecidas esteticamente.

Então, começamos, o Lufe e eu, a divagar. Se um dia um de nós dois for Governador ou Presidente, isso vai acabar. Vamos fazer a sociedade um lugar bem mais justo e menos desigual. Seguinte: cobraremos imposto sobre a feiúra. É, imposto. Em níveis: normal, feio, muito feio e “volta pro inferno, Satanás!”. Dependendo do grau da feiúra, se pagará mais ou menos imposto. Mas aí você questiona: mas isso não vai resolver nada pra eles, vai é piorar! Que nada. Não termina por aí.

Esse dinheiro arrecadado financiará os pilares para uma sociedade mais justa! Haverá, po exemplo, cota para feios nas Universidades e nas empresas. Carros adaptados para feios, mais baratos, sem espelhos internos. Feios terão passe livre nos ônibus e preferência nas filas em geral, atrás apenas das grávidas e dos idosos. O governo subsidiará bolsas de estudos no exterior para os feios. Esse ponto, aliás, é até de utilidade pública...

Pessoas bonitas que se casarem com feias terão benefícios fiscais. Assim como as empresas que mantiverem em seus quadros de funcionários mais de 20% de funcionários feios. Mais de 20%, tais emrpesas seriam interditadas pela vigilância sanitária. Haverá também a bolsa-feio: uma pessoa que namorar com um feio receberá, enquanto durar o relacionamento, uma ajuda de custo de acordo com o grau de feiúra do parceiro. Assim como em profissões como modelo, ator e destaque do dia no Mc Donalds a beleza é fundamental, os feios terão rpeferências em carreiras que exijam mais inteligência e estudo, como escritor, médico ou atendente de telemarketing.

É ou não uma boa plataforma de governo? Todos saem ganhando, os feios e os bonitos. Não é preconceito, pelo contrário. É a luta do povo contra a injustiça e a discriminação! Ah, esqueci de falar, o Governador ou o Presidente estão isentos de imposto, mas as mulheres que mantiverem relações com eles ganharão uma bolsa-feio 350% maior do que as que namorarem cidadãos comuns...

Post chupado(!)

Bom, esse post vai ser a reprodução de um texto de um sujeito que escreve pra caralho, e que conseguiu, nesse texto, não só me matar de inveja, mas também representar exatamente o que eu penso no momento. O blogue dele é o Pensar enlouquece. Pense nisso. Inagaki, se você passar por aqui, espero que não ligue de ver seu texto por aqui. Do caralho o texto. Abraços a você e a todos. Segue.


"Amor

O amor é presença perene no coração. Há ocasiões em que dói, como se o coração fosse comprimido pela mão da ausência. Mas o fato é que o amor é acalanto. É a certeza de que existe alguma coisa além da fugacidade deste mundo, que seja capaz de perpassar o pó do qual viemos e ao qual voltaremos. O amor é chama que se retroalimenta. Pois as pessoas que amamos permanecem em nossas lembranças. E a cada instante em que evocamos um certo sorriso, um gesto de carinho ou o gosto ensolarado de uma tarde compartilhada de felicidade, elas tornam-se mais vivas ainda dentro de nós.

A vida é tigre indomado. Haverá dias em que sucumbiremos à tristeza, às lágrimas que estrelam os olhos. Afinal de contas, sangrar é inevitável e faz parte de nossa condição humana. Mas o que dizer quando sabemo-nos impotentes diante do sofrimento alheio? Como bem escreveu Cynthia Feitosa: "amar é rezar por quem você ama, mesmo sem ter religião". Posso dizer que este post é, pois, uma prece por todas as pessoas que me são valiosas. Que não lhes falte amor, essa força que não nos deixa esmorecer, que faz com que sejamos capazes de extrair do desamparo a esperança, luz inquieta que nos sorri nos dias mais enevoados."



É isso. apesar de não acreditar em Deus, rezo por quem eu amo. Os textos aí embaixo dizem tudo. Rezo por quem eu amo e cuido. Mas se der errado, como diria o filósofo, paz, amor e porrada se preciso for...

domingo, 26 de agosto de 2007

Arrogância é algo que deve ser conquistado

Eu sou redator publicitário. Bom, pelo menos eu sou pago pra isso. E muito se fala no meio(!) e fora do meio(?) sobre o famigerado ego de publicitário. É um assunto recorrente, e há muito deixou de ser uma brincadeira de coxia pra ser tornar uma verdade universal, praticamente unidade de medida. “Nossa, os peitos dela são maiores do que ego de publicitário” ou “se ego pagasse imposto publicitário pagava a dívida externa do Brasil em dois meses. E isso só dos estagiários...”. Sou obrigado a concordar que alguns publicitários figurões que tem por aí contribuíram muito pra sedimentar essa imagem. Parecem ex-BBB: não podem ver uma câmera que dão logo tchauzinho.

Mas agora, sem corporativismo nenhum – até porque seria meio paradoxal – vou levantar uma bola que nunca foi levantada: o ego de escritor. Tem todo aquele charme de atormentado, de tímido, mas raros são os tímidos de verdade. O único que conheço é o Veríssimo. Filho. O escritor, pra começar, já se acha bom por que acha que as pessoas merecem ler o que ele escreve, e por isso ele escreve. Já o publicitário, por mais que se ache muito bom, faz o que lhe é pedido. Não faz o que acha que as pessoas querem ou precisam ver ou ler.

Outra: o escritor é seu próprio chefe. Só para de escrever quando acha que está bom. Quando ele mesmo acha que está bom. Não quando o chefe ou o cliente diz que está bom. Ele mesmo julga bom o que ele escreveu. Geralmente ele acha genial, mas faz charminho pra ganhar elogio. Não que eu faça isso, claro. Só ouvi falar... Isso sem falar que a maioria – dos que eu conheço pelo menos – exercita o próprio ego relendo seus textos dia após dia, morrendo de rir e achando todos eles “muito bons!”. Ouvi rumores sobre isso...

Bom, e quem é os dois, como eu, por exemplo? Publicitário e escritor. Haja piadinha sobre ego inflado e olhares de “nossa, ele se acha...”. Mas eu resisto e sigo o caminho da serenidade de espírito, da humildade e da modestia. E da mentira, de vez em quando. Como? Modéstia tem acento? Desculpa, é que eu não to acostumado a usar essa palavra...

sábado, 25 de agosto de 2007

Oquêi, você venceu: eu sou um canalha.

Oquêi, você me pegou no pulo. Não tenho o que dizer, batom na cueca, boca na botija. Não vou negar. Chega de mentira. É isso, paciência. O que você á sabia, agora vai ouvir da minha boca: eu sou um canalha. É, canalha. Quer que soletre? CA-NA-LHA. Desculpa se eu não sou como seus amigos, que não mentem, nunca traíram, não enganam ninguém, são românticos o tempo todo, nunca passam dos limites e são poços de sensibilidade. Nem como os namorados das suas amigas, que não falam besteira na frente das pessoas, nem palavrão nem olham pras namoradas como se fossem tirar a roupa delas ali mesmo, na ante sala do dentista.

Desculpa se as vezes eu olho pra você e não consigo enxergar as roupas, ou se de vez em quando, quando brigamos, eu nem rpesto atenção por to olhando pro seu decote sensacional, e quando você caba de falar, minhas mãos sobem que nem mão de criança pra pegar o gatinho do colo da vovó, como se você nem tivesse falado nada. Desculpa se admito que, na primeira vez que ficamos, foi só por que você é linda, ou muito gostosa, mesmo que depois esse motivo tenha se tornado apenas um comvenente complemento. Não tenho visão de raios-x como seus amigos, que dizem que não ficam pela beleza nem da primeira vez.

Desculpa se falo que seus amigos babacas são babacas, e que meu sonho é chutar seu cachorro maldito, e não fico dando sorrisinhos amaerlos pra eles. Desculpa se, quando falo que to com saudade, falo que sinto muita falta do seu corpo também, e faço aquele gesto clássico com as mãos abertas na frente do peito viradas pro alto, sinalizando do que exatamente eu estou falando. Não me arrependo por falar que quero ver o jogo, não o especial Leonardo Di Caprio na TV a cabo, ou que preferia ir no paintball do que na exposição de orquídeas que você quer ia há meses.

Como você pôde ver, não sou perfeito, ao contrário de todos os outros homens que você conhece, e que todas as mulheres que você conhece namoram ou conhecem também. Sou assim: sinto falta da sua bunda, não atendo ninguém na hora do jogo e sempre escrevo alguma coisa bem apelativa quando você briga comigo, só pra baixar sua guarda e eu poder continuar olhando pros seus peitos. Mas como disse o sábio capitão Jack Sparrow, “sou um homem desonesto. E veja, você pode sempre confiar que um homem desonesto será desonesto. É dos homens honestos que você deve se precaver, porque nunca se sabe quando eles farão algo realmente estúpido.”

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Eu não te prometi um mar de rosas, mas qual o endereço pra entrega?, ou, Como ser brega em 63 linhas com muito orgulho!

Na sua coluna de hoje de manhã, o colunista Joaquim Ferreira dos Santos citou em um momento, uma pergunta que ele fez há muitos anos ao Mestre do romantismo escrachado e desesperado, Nelson Gonçalves. Inquirido sobre qual era o sentido de todas aquelas canções, o Mestre lascou de bate pronto que “cada nota, cada trêmulo do gogó, cada pigarro”, nas palavras do Joaquim, era sempre em prol da busca desesperada de que alguma pequena para sempre dormisse ao seu lado.

Ele resumiu o pensamento de milhares de sujeitos que, em uníssono, pensam dessa forma. São os que chamarei de agora em diante de “Machos Neo-Românticos”. MNR, pra facilitar. São os que ainda mantém vivo o legado de nomes como Waldick Soriano, Nelson Gonçalves e Odair José? Brega, diriam vocês. Não se deixem levar pela pequeneza desses estereótipos que envenenam a sociedade contemporânea, como o dos metrosexuais ou o dos Emos. Cada um na sua, mas com alguma coisa em comum. Enquadram-se nessa categoria não só cantores, mas escritores e poetas que ainda fomentam o romantismo “volta pra mim ou me mato com uma overdose de Doril”. Admito sem pudor ou medo: sou um MNR. Dos piores. Ou dos melhores, entendam como quiserem.

Pois bem, voltando ao primeiro parágrafo, o objetivo que cada linha, cada estrofe, cada grito abafado ou cada ameaça de largar tudo se ela não votar é, no fundo, o mesmo que movia o saudoso Nelson: a busca desesperada de que uma pequena para sempre durma ao nosso lado. Ou embaixo, em cima, meio na diagonal, sem preconceitos. Mas tal situação é uma coisa muito mais, digamos, abrangente do que só isso. Tachados de safados, infiéis e mulherengos, freqüentemente somos acusado de sermos falsos românticos devido à freqüente rotatividade de musas em nossas mentes, corações e penas. A verdade é que nós, MNR, temos um coração grande e vagabundo, mais carente que filhote de hamster em pet-shop de subúrbio. Qualquer cafuné a gente apaixona e já escreve uma música, ou poema e bota um blogue no ar. E já quer morrer se ela não nos atender no dia seguinte.

A tarefa de conquistar um MNR e obter dele exclusividade não é das mais árduas, apesar de não acometer muitas mulheres em sã consciência. As normais preferem os galãs tradicionais: instrutores de mergulho, empresários promissores do ramo de informática etc. Somos mendigos da atenção, pedintes do beijo na testa com cafuné na nuca, perseguidores do cochilo aninhado no peito. Qualquer mulher que se ponha entre os nossos braços por um curto período terá a certeza de que ela é a mulher da nossa vida. Mas não fazemos por mal! Não, não! Naquele momento ela é a mulher da nossa vida, é tudo o que queremos, é a pequena que queremos que durma do nosso lado para todo o sempre. Mesmo que esse todo o sempre só dure até a hora do trabalho de manhã, ou até a hora da próxima pequena chegar para ficar ao nosso lado para todo o sempre. Não fazemos por mal.

Pior é explicar depois que as três últimas coisas que você escreveu na semana passada sobre aquela mulher maravilhosa que você quer pra sempre, na verdade são sobre três mulheres maravilhosas que você quer pra sempre, mas que ainda tem um texto pra uma quarta sendo feito, e pra quinta você mandou uma caixa de chocolates, por que ela não é muito chegada e leitura. Mas era tudo verdade! Cada linha, cada palavra, cada foto de fundo com uma rosa e uma carta manchada com lágrimas. Não somos calhordas, safardanas ou mequetrefes. Tudo isso que fazemos é, seguindo os passos do mestre, em busca de uma pequena que nos brinde com a sua companhia para todo o sempre, nas noites frias e solitárias. O problema é que as noites frias são muitas, e a enorme profusão de idéia que ocorre em nossos cérebros escravos do coração não nos deixa em paz, fazendo com que nos entreguemos ao primeiro olhar terno que nos é lançado. O problema é que ela sempre nos troca por algum instrutor de mergulho ou por algum empresário promissor do ramo de informática. E se não nos troca, e comete a sandice de nos amar incondicionalmente, nossa inspiração passa a não ser mais a mesma, e como ficamos? É nesse ponto que um MNR passa o bastão à nova geração, tendo encontrado alento e pés juntos na noite fria com marshmallow e “nove e meia semanas de amor” no DVD, como fizeram os mestres. Mas enquanto isso não acontece, brincamos na rodinha e fazemos cara de pidão na grade da gaiola, pra ver se alguém para e entra na pet shop pra nos fazer um agrado...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

A mais justa homengem do mundo, ou, "Vai ser burro assim na puta queo pariu!"

Em qualquer contato, de qualquer de qualquer tipo, em qualquer lugar que você tiver com essa menina cujo sorriso não cabe no próprio rosto, a primeira coisa que você vai perceber, antes das pernas grossas por baixo da saia curta, e antes dos pezinhos abertos de bailarina, não tenha dúvida, é a alegria contagiante, e as vezes até irritante, dessa criatura. Até triste essa garota é alegre. Pra arrancar o sorriso da fuça dela só com alicate.

O que quer que você fale ou faça, ela vai ter sempre alguma coisa alegre e animada pra te tirar do baixo astral. E acredite experiência própria: ela consegue. Bonita e simpática, não tem marmanjo que não preste atenção no seu jeito moleca de menininha que tá vindo da escola depois da aula de geografia. Meio desligada, espivitada e sempre falando, rindo ou gesticulando, vê-la quieta é um milagre. E pra mim pelo menos, isso é adorável, é sempre uma carga de energia praqueles dias que a vida dá umas bifas nos cornos da gente.

Uma amiga não tão nova nova, mais virtual do que outra coisa, mas definitivamente uma pessoa sensacional, que é sempre maravilhoso ter por perto, daquelas que eu venho correndo pra casa correndo só pra falar com ela. Que apesar de todos os meus defeitos, e não são poucos, ela me acha legal, muito legal por sinal. É ela que eu quero ter por perto pra chorar, pra rir, pra contar piada ou pra desabafar.

Não dá pra ficar um dia sem falar com essa bailarina linda. Ela me ajudou a superar um dos momentos mais difíceis que eu já passei, e nem sabe disso. Por essa bochechuda eu faria qualquer coisa, ela merece. Só não merece muito o que eu fiz nos últimos dias. E eu entenderia se ela me xingasse, me mandasse pra puta que pariu e me quebrasse a cara. Mas ela não faz. Ela entende. Ela sempre entende. E isso só piora as coisas. Ela não entende que eu não sou nada do que ela pensa. Ela entende que eu a fiz sofrer, e o pior, ainda fica triste por eu estar triste por ter feito isso! Se todas as mulheres fossem como essa menina, eu seria o sujeito mais feliz do mundo. Mas ainda bem pra ela, que nem todos os homens são como eu...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Toma lá não dá cá

Outro dia fiz um texto reclamando que as profissões que exigem talento não são valorizadas, que só se valoriza uma profissão se o cara estudar duzentos anos, essa boiolagem toda. Pois bem, me arrependi. Devia ter estudado e ter sido médico, advogado ou político.

Fiquem calmos, não precisa chorar, não vou parar de escrever aqui não. Era só uma divagação. Pelo seguinte motivo: desde que passei a viver de escrever, escrever o que quer que seja, não tenho sosego. Anteontem um amigo perguntou se eu já tinha tentado escrever música, pra eu fazer uma pra ele. Entrou ontem de novo e "e aí, fez AS músicas?". No plural. Ele queria "só umas cinco" músicas. Pro dia seguinte. Isso sem falar em gente que me pede depoimento pro orkut, texto pro blogue, até carta pro NAMORADO já me pediram. "Vai, você é profissional, finge que você é mulher."

Eu mereço. Se eu fosse médico, duvido que eu ia ouvir "cara, to com uma dorzinha aqui. Acho que é apêndice. Você tem um bisturi aí no bolso?". Ou se fosse advogado, "cara, minha ex ta namorando. To pensando em dar um tiro nos cornos do filho da puta, tem como você me arrumar um habeas corpus no dia seguinte só pra eu poder fugir do país no dia seguinte?", se eu fosse advogado. Ou se fosse político ninguém ia me pedir tijolo, emprego ou vantagem em licitação de conta do governo.

As pessoas acham que por que eu escrevo eu posso fazer isso em qualquer lugar a qualquer hora. Até posso, mas desde que seja por uma causa nobre, tipo impressionar uma gostosa ou alguma coisa assim. Vou passar a falar que eu sou proctologista ou ex-presidiário. Se bem que mesmo assim vãoa ter uns malucos querendo pedir alguma coisa. Mas no fundo eu gosto, eu até faço, quando não tenho que fingir que sou mulher, claro. Só que a volta é triste, se algum de vocês aí for médico ou stripper, é bom se preperar pra quando eu resolver tirar vantagem disso...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Capitalismo utópico

- Quer dizer que você faria um comercial de cigarros ou cerveja? Ou um filme violento, que não acrescente nada?

- Claro.

- Hmpf.

- Por que? Qual o problema? Se tão pagando, eu tenho que fazer!

- Claro que não. É errado. Pessoas morrem de câncer e cirrose, por causa de gente como você!

- Peraí, por causa de gente como eu? Eu faço filme e propaganda, não faço cerveja nem cigarro. Nem obrigo ninguém a comprar. Só faço propaganda. Só isso.

- Você é responsável, você faz elas comprarem!

- Faço? Quer dizer que se eu faço um comercial de camisinha, toda vez quem alguém tiver fazendo sexo vai mandar “Ohhh Léééo!! Essa foi pra você, amigão!!!”?

- Você é ridículo.

- ...

- Você convence gente a beber e a fumar, e depois elas morrem e batem de carro e matam pessoas por sua culpa.

- E a transar, não esqueça. E elas gosam e fazem filhos também por minha culpa.

- Cala a boca, merda! Você convence as pessoas a beber e fumar, crianças, adolescentes, e não fica culpado?

- Culpado? Pelo amor de Deus! Quer dizer que eu tenho esse poder todo? Se afasta um pouquinho então. (Gritando) EI, MULHERES!! EU TO AQUI! SOU BONITO, CHARMOSO, INTELIGENTE, E QUERO QUE TODAS VOCÊS VENHAM AQUI AGORA E ME DÊEM. AGORA! MAS FAÇAM FILA, POR FAVOR, TEM PRA TODAS! (cínico). Ué, não funcionou por que?

- Idiota! O que eu to fazendo aqui com você?

- Que tal, se divertindo?

- Com um cara que mata gente de câncer e causa acidentes nas estradas?

- Olha, chega muito perto não, que do jeito que a coisa anda, se você engravidar vai acabar sobrando pra mim também.

- E além de tudo não leva o sofrimento alheio a sério...

- Claro que eu levo. Também levo a sério uma coisa chamada Livre-arbítrio. Bebe quem quer, fuma quem quer, e pronto.

- Nossa, que capitalista.

- Tá bom, falou a bolchevique agora. Não to vendo suas roupas de saco de batata, Capitão Planeta...

- Mas eu sou consciente.

- Consciente de que nós estamos entrando pra ver Harry Potter, comer pipocas por quase vinte pratas e tomar coca cola. Não me parece nada capitalista isso.

- Eu faço o que posso.

- Encher o saco de gente normal.

- ...

- A propósito, você faz o que?

- Sou estilista.

- ....

sábado, 28 de julho de 2007

E você que é feio?

Muita gente reclama que no Brasil artista não tem vez, e esse papo todo. Dizem que a culpa é do governo, das grandes empresas, do escambau. Mas a culpa, em grande parte, é também da sociedade. Eu sei que já me acham metido e coisa e tal, mas tenho que falar. A sociedade brasileira – digo brasileira por que lá fora parece que o problema é bem menor – acostumou as criancinhas na escola de que talento não existe, inspiração é coisa de fresco, e que dom é coisa de quem não sabe fazer nada da vida e quer viver cantando, desenhando ou escrevendo. Dizem que se você passar quinze anos na escola, mais cinco na faculdade, mais uns quatro em uma especialização, você vai se dar bem, mesmo que não tenha talento pra porra nenhuma na vida.

E assim as crianças crescem, fazendo isso tudo – nada contra o estudo, que fique claro. Eu mesmo faço faculdade e gosto de estudar assuntos que me competem. Pois então, hoje em dia, as pessoas acham que é válido você encher a boca pra falar que é um bom advogado(?), bom engenheiro ou um bom médico. Afinal, você passou anos com a bunda sentada na cadeira aprendendo aquilo, então, mesmo que você não tenha talento, você, até prova em contrário, é um bom profissional. Mas se você é pintor, escritor ou de alguma área artística, ai de você se abrir a boca para se proclamar um bom profissional. Ta ferrado, vão te chamar de arrogante, metido etc.

Se um sujeito se gaba de ter passado a vida inteira estudando aquela bosta e de ser um bom profissional, por que você, escritor, não pode se gabar de ser um bom profissional? Simples: por que qualquer um pode sentar o rabo lá e virar arquiteto, fisioterapeuta ou matemático. Mas e escritor ou músico? Só estudar resolve? Não, não resolve. E como você ousa ser bem sucedido em uma carreira onde não basta só estudar pra se dar bem? Por isso essa falsa humildade dos publicitários, escritores e afins, sempre se achando "mais ou menos", quando sabem que são bons. Se fossem químicos, iam encher a boca pra falar que são ótimos químicos. Quando me perguntam o que eu faço, falo que sou roteirista. "E você escreve bem?". Escrevo. Lá vem aquele olhar de "Taquilpariu, tá se achando...". Quer dizer que se eu fosse cirurgião ia poder dizer que minha ponte de safena é uma maravilha?
E isso faz com que as pessoas tenham vergonha de dizer que são competentes no que fazem. Medo de ficar tachado de metido. Por isso, você, publicitário, escritor, pintor, cantor, músico, ou Presidente do Senado, não tenha medo de expor seu talento e se auto-proclamar um bom profissional. Admita que você canta, pinta, escreve, compõe ou mente bem. Talento é talento, durma-se com um barulho desses. Mas não se sinta mal: você faz diferença. Todo ano as faculdades vomitam milhões de novos engenheiros, arquitetos, químicos, físicos, médicos, advogados etc. E todos eles, se ao menos se dedicarem aos estudos, vão ser bons profissionais. E escritor? Cantor, pintor, músico etc? É fácil assim encontrar alguém com talento? Quem tem talento pode estudar, mas quem estuda pode "aprender" talento? É que nem a história da mulher que fala pro cara que ele é gordo. E ele responde "mas eu posso emagrecer, pior você que é feia". Então, emagrecer todo mundo pode, mas e ficar bonito?

terça-feira, 24 de julho de 2007

Homenagem à pessoa que eu mais amo NO MUNDO. (Antes até de mim mesmo)

"Se a rosa tivesse outro nome, teria o mesmo perfume?". Frasesinha batida de Romeu e Julieta. Sim, teria o mesmo perfume. Pois bem. Esse moleque aí em cima não é meu filho. Nem parente de sangue ele é. E também, oficialmente, não é meu afilhado. Vai entender. Ser filho de um idiota com um melhor amigo imbecil dá nessas cretinices... Mas, enfim. Ele não é nada disso que eu falei. Mas é meu sobrinho. Por queo pai dele é meu irmão. Não de sangue, por que se fosse de sangu eseria culpa só do destino. Mas irmão de alma, de escolha. Irmão que briga, xinga e come toda a comida da geladeira do outro. Mas então, esse moleque. Esse moleque é hoje, junto com o fluminense, meu playstation II e meus dois monitores, a coisa mais importante naminha vida. Esse moleque com cara de safado e falsa criança boazinha mudou a minha vida. Me fez ver que vale a pena se fuder de trabalhar, ganhar mal, fuder o estômago, o coração e a cachola, se quando chegarem casa ele estiver lá, te esperando pra dormir. O Pablo é um cara de muita sorte de ter isso.
Ele é inteligente, genial, pra ser mais preciso, alegre, simpático, charmoso, bom caráter, enfim, tudo o que eu queria que meu filho fosse. Até nos defeitos esse nanico é foda!Ele é super ativo, fala alto, não para quieto, fala palavrão, faz safadeza com os outros... Quem me conhece sabe: apesar de não ser meu filho (já falei pro Pablo, pai é quem cria...), esse moleque é o que eu era, há vinte anos! E ele me trata como se eu fosse um sujeito legal de verdade. Ele não sabe de nada, da vida, as pessoas, de nada... E é a melhor sensação do mundo ganhar um "Poxa, tio! Você sumiu, tava com saudade", e um abraço apertado, e depois o bico na canela e "vamos brincar de pirata?? Mas não pode me matar!". Eu esqueço as contas, as mulheres complicadas da minha vida, esqueço meu joelho doendo, meusalário de bosta e que amanhã vou ter que acordar cedo.
Esse moleque me faz manter a porra da cabeça no lugar antes de fazer merda, e pensar que “Ei, e se o Pedrinho me visse fazendo isso?”. Aí eu não faço. Eu sou uma pessoa muito melhor por causa dele. Por que ele me tem como exemplo junto com o pai dele. Exemplo de mau exemplo, mas tem. Eu arroto alto, ele arrota alto. Eu olho pra mulher na rua, ele olha pra mulher na rua sem nem saber por que. Não posso decepcionar esse moleque! Eu quero que ele cresça e seja como eu e o Pablo somos. Mais como o Pablo, claro. E que ele nos tenha sempre por perto, o Pablo pra ensinar coisa séria, e eu pra ensinar besteira, por que é disso que criança gosta. E é disso que eu gosto também.
Enfim, Pedrinho, parabéns, e Tio Cabide te ama, moleque. Mais do que já ame qualquer mulher na minha vida, mais do que qualquer videogame que já tive, mais do que o flumin... eer, quer dizer... é isso! Te amo muito! E você vai ser pra sempre o sobrinho preferido, o abraço mais gostoso, o beijo mais reconfortante e o único que pode me bater e manter os dentes dentro da boca... Beijo, moleque. Espero que quando você tiver a minha idade, a gente leia isso juntos, e você fale “porra, tu escrevia mal, hein! Eu faço muito melhor”. Você é o único no mundo, junto com seu pai, que eu torço pra que me supere em tudo. Beijo, moleque.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Eu me amo, eu me adoro, não posso mais viver sem mim!

Você é feliz? Ultimamente eu admito: tenho estado com sorrisos tão largos e piadinhas tão infames que alguém pode até achar que fiquei rico, ou que to comendo a Luana Piovanni. Não fiquei rico, e eu e a Luana somos só amigos, ela vai falar tudo na coletiva. Brincadeiras a parte, to feliz mesmo. O que faz um homem feliz? Uma mulher e dinheiro. E ponto. Pois então. Eu ganho uma miséria e não to comendo ninguém. Não reiteradamente. Não tenho ninguém pra me levar café de manhã, nem pra me escrever cartas de amor. Meu salário mal dá pra pagar as contas, e eu nem tenho carro. Então por que a felicidade? Simples. Por que eu tenho feito coisas que eu gosto. E que me deixam feliz.
Tenho conhecido uma pá de gente sensacional, lugares fantásticos que me cativaram tanto que to até pensando em virar mineiro honorário, e tenho resgatado antigas amizades e relacionamentos com pessoas que eu achava que me detestavam. Descobri que elas só me acham babaca, e meio metido... Antes eu achava que a felicidade vinha ou de ser rico, ou de ter alguém ao seu lado. Não é bem assim. Se tiver um dos dois, melhor, mas não tenho, e que saber, to feliz pra caralho! Como poucas vezes eu estive.
A melhor parte de ser feliz sozinho é não ter aquele medo recorrente que todos os amantes têm de ser abandonado. Quem vai me abandonar? Eu mesmo? Não, eu me amo demais pra isso. Isso sem falar que eu faço o que quero, a hora que quero, com quem eu quero, e o mais importante: SE eu quero. Conheço mulheres maravilhosas, e se quiser dar em cima delas dou, se não quiser não dou, e se não der, foda-se, amanhã é outro dia.
Descobri que a única pessoa no mundo sem a qual não consigo viver sou eu. A única. Tem mais algumas pessoas que me fariam muito triste se saíssem da minha vida, sem elas talvez minha vida ficasse muito ruim mesmo, mas nenhuma delas é uma mulher, no sentido romântico do termo. Meu sobrinho, alguns amigos, poucos parentes, meu videogame, não são muitas... Atrelar sua felicidade à outra pessoa é um erro que já cometi muitas vezes, mas parece que dessa eu aprendi. Foi um baque perder uma pessoa que durante um ano e meio foi apaixonada por mim, e um dia acordou e viu que não era bem aquilo. Eu pelo menos nunca vou acordar e não me amar mais. Descobri, nesse meio tempo, que nem todo mundo me acha babaca e me quer à pelo menos um quilômetro de distância. Não tenho que ter medo de “Oh, meu Deus, nunca mais ninguém vai me amar!”. Se não amar, dane-se, mas tem gente que gosta de mim por aí. Deve ter, o anúncio que eu botei no jornal em janeiro já deve estar fazendo efeito... Gosto de muitas pessoas, ainda vou amar algumas mulheres, eu sei, mas também sei que a minha felicidade só vai depender de uma pessoa daqui pra frente: o entregador da playboy.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Inté

Bom, pessoal, to partindo praBelzonte hoje, e só volto no sábado. Morram de saudade. Enquanto isso, leiam os posts antigos, é sempre bom. Ósculos e Anplexos.

domingo, 15 de julho de 2007

Da série: as mulheres da minha vida ou Esse é pra você!!

Antes que eu me esqueça, eu te odeio. São uma e meia da porra da manhã, e eu nunca senti tanta raiva de alguém na minha vid ainteira. E sinto mais ainda por, depois disso tudo, estar escrevendo essa merda. E sim!, você tava certa, eu queria sim que você sofresse por termos terminado uma coisa que nunca tivemos, e sim!, eu queria que você estivesse sofrendo! Mas não pelo prazer de te ver sofrer, e sim por que se você me pedisse, eu voltava na mesma hora, e esqueia as horas de conversas que tivemos sobre nós, e tudo o que eu fiz e o que você fez para que tudo terminasse bem. Por que eu não quero que essa droga termine! Não importa se eu fiquei com ela, não importa se você não liga, não importa nada!

Em quase dez anos disso, pela primeira vez vi você se deixar levar, admitir que não era só o que você achava que era. E dois dias depois você que aquilo foi um “lapso”? que aquilo não era você? Quer saber? Você nunca foi tanto você quanto naquele dia! Se fosse só o que você achava que era, não teriam os cafunés, as conversas sobre assuntos delicados e as horas ao telefone por semana. E agora, você tá dormindo, rindo do meu ataque de umas horas atrás, e eu aqui, te escrevendo essa bosta.

Você é uma das pessoas que mais gosto de conversar. Nunca falta assunto, nós nunca concordamos, e, até essa semana, sempre foi tudo tão leve, tão prazeroso e sem rusgas. Sem culpas, sem fingimentos adolescentes ou falsas crises pseudo-maduras. Sem meias palavras, sem meios atos, sem meias vontades. E eu esperava, sinceramente, que uma hora os desencontros iam acabar, e tudo ia ser resolver, e poderíamos ficar juntos por mais de trinta minutos uma vez na vida. Juro que eu tinha. Mas depois da atitude que você tomou essa semana, e você sabe do que eu estou falando, perdi as esperanças. Tamanho desapego só me fez acreditar que o que você queria era mesmo o que tínhamos. Não mais, talvez menos, talvez em outras circunstâncias. Mas não mais. E perdi tanto as esperanças que fiz o que, dias atrás, tinha certeza que não faria.

Te conheço, e sei que nesse ponto, você tá rindo, achando que me arrependi e pensei rápido em uma desculpa. Mas não, nem me arrependi, nem é desculpa. Você sabe o que eu queria, sabe o quanto eu teria esperado, e sabe o quanto eu estava disposto a correr o risco de esperar em vão. Ao menos eu teria escolha. Por que você foi a minha quarta namorada. A que eu nunca namorei. Mas que já passou mais tempo comigo do que algumas delas. Você é a pausa na minha resposta, quando perguntam “com quantas mulheres você já namorou?”. Ou a confusão na minha mente pra pergunta sem resposta “quantas mulheres eu amei na minha vida?”.

É isso. Juro que esse texto tava aberto há semanas, e não saía nada. E pro seu azar, saiu agora. Com toda a raiva que eu to sentindo. Não to nem aí se você vai rir disso, e sua vida vai seguir sem mim como sempre foi, ou se você vai me ligar e berrar comigo. Não faz mais a mínima diferença. Não faz mais, mas já fez muita. Ah, e só pra você ficar sabendo: eu teria esperado.

p.s.: pronto, chega de textos pra mulher nessa porra. Até por que, essa merda não é um diário, é um blogue. Chega, já deu o que tinha que dar, já me trouxe os problemas que tinha que trazer. E quem me dera ter tanta mulher assim. Licença poética, pessoal, bota entre aspas no google que você vão ver do que to falando. Voltamos agora à programação normal.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

À amiga

Eu sei que chamar uma amiga mulher de amiga, assim, como vocativo, soa meio aviadado, mas é por que não posso dizer quem você é. Nem preciso. Não compete a ninguém. Só a você e a mim. Pois bem. Como as pessoas mudam de posição na nossa vida. Ontem você estava na minha cama. Semana passada estávamos choramingando amores findos, esses tipos de coisa, um para o outro. Há alguns meses, nem nos conhecíamos. Hoje, um dia depois da cama, falamos novamente sobre corações partidos e mágoas passadas, e prováveis mágoas futuras.

Você é minha amiga. Daquelas pra quem a gente não tem vergonha de chorar, de mandar se foder por que falou a verdade na nossa cara. Daquelas que você confia tanto que não tem vergonha de dizer de repente “ei, sabia que eu quero você? É, parei pra pensar nisso”, e ela responde que também quer. Mas tudo isso sem cobranças, sem chateação e sem culpas idiotas e hipócritas. Do meu lado na cama você não era minha amiga, nem era mulher. Era minha amiga mulher. Era os dois. E não era nenhum.

Foi ótimo, por que você, quando me tem como homem, me trata como o amigo, que você gosta, confia e respeita. Você transfere para o homem, as qualidades do amigo. Como se eu fosse isso de verdade. Não sou, mas você acha que eu sou, tanto e com tanta força, que quase me convence quando me diz que eu sou interessante, legal ou sensível. Até sou isso tudo, mas como amigo. Como homem, nem sempre. Mas você, idiota, não vê isso. Você, idiota, achou que do seu lado na cama estava o amigo, e não o homem. E me vi na obrgiação de absorver do amigo-eu, as qualidades que você esperava encontrar no homem-eu.

Idiota. Você é tão idiota que pensou que eu não queria só ir pra cama com você. E acha até hoje. Tão idiota que achou que eu ia te tratar como mulher, como eu tratava como amiga. E eu, idiota, não queria mesmo só ir pra cama, e, ainda idiota, te tratei como mulher, da mesma maneira que tratava como amiga. É isso, amiga. Adoro você, nem precisava dizer isso. Mas sabe o que eu mais adoro em você? É que você me faz desejar que todas as mulheres do mundo sejam idiotas como você. E, mesmo que não seja comigo, continue idiota pra sempre. E minha amiga mais pra sempre ainda. E sempre que quiser ou precisar, minha cama vai estar a disposição, e você não vai ter nela o homem, e sim o amigo. O problema depois é que o homem e o amigo têm o mesmo cheiro, e ele teima em não deixar as roupas das pessoas tão cedo....

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Sinal dos novos tempos

- COMO ASSIM VOCÊ JÁ TRANSOU COM UMA MULHER?
- Como assim “como assim”? Transei transando, quer que eu desenhe?
- Olha só, quinze minutos sem gracinha, tá?! A última coisa que eu preciso a essa altura do campeonato é piadinha sem graça...
- Tá bom então, vamos dissertar sobre “O sexo entre mulheres: suas variações e seus desdobramentos”.
- Vai se foder, Mariana, porra! To falando sério! Se põe no meu lugar!

Duas crianças passam atrás deles correndo atrás de uma bola.

- No seu lugar? Não dá, desculpa, não vejo uma atitude idiota e preconceituosa como essa há uns... cem anos!
- Antiquado? A garota que eu to saindo acaba de me falar que já transou com uma mulher, eu fico curioso, e sou antiquado?
- Primeiro: curioso não, você fez – e ainda ta fazendo – um escândalo; Segundo: uma não, três.
- Porra!, três? E você vai me contar agora ou vai esperar mais alguns minutos pra falar que tinha algum pequinês ou algum jogador de basquete vestido de colegial na história?
- Vai se foder...
- Sério, pelo amor de Deus agora! Sério!
- Sério o que? Você acha que eu to brincando? Meu Deus, como eu fui capaz de tirar sua virgindade?! Todo castigo pra corno é pouco...
- Achar não acho, mas espero muito que esteja.
- É, mas não estou, é sério.

As crianças voltam atrás da bola.

- Ma-Mas como, por que?
- Bom, Pedro, “como” é muito complexo pra um semi-virgem como você, depois te mando uns gráficos de Excel com umas animações... E quando, deve ter uns sete, oito meses. E por que, tenho a ligeira impressão de que “por que eu quis” não vai te satisfaze...
- Então já que você sabe, pode continuar...
- Ah, Pedro, quer saber, meu bom humor acabou! Chega disso. Se quiser entender, entender, se não quiser, procura alguma carolinha virgenzinha como você.
- (Gritando) Porra, Mariana! Dá um tempo! A gente ta ficando, você foi minha primeira mulher, a gente tem se dado bem pra caralho, e agora você vem me dizer que já transou com uma mulher???

As crianças estão paradas agora, atrás deles, fitando Pedro e prendendo o riso.

- (Gritando e gesticulando com as crianças) O que foi, porra?! Saí daqui!!

Mariana ri, gargalhando. Quando percebe que Pedro está realmente irritado, força para parar de rir.

- Dá pra explicar logo, Mariana?
- Pedro, é o seguinte: eu tava meio desiludida com homens e tal, e rolou... Mas eu vi que não era isso que eu queria.
- E precisou fazer três vezes pra ver que não gostava???
- (...)
- E como uma mulher transa com uma mulher? Beijar, lamber, etcétera até vai, mas transar? Não dá!
- Porra, você é muito mais idiota do que eu pensava. Muito mais. Claro que dá imbecil! Transar não é só o que você pensa. Tem todo um clima, toques e tal...
- Ah é?! Então, senhora Mariana, sinto lhe desapontar, mas eu não era virgem. Todo dia eu ia roçando na minha vizinha gostosa no ônibus: mó climão, altos toques... Então eu já comi minha vizinha! Só acho que ela não vai gostar muito de saber disso não...
- Putaquepariu... Quer saber? Enchi dessa sua babaquice, não quero um cara que pensa assim do meu lado. Não to acreditando que tirei a virgindade de um idiota como você! Vai se foder!
- Mari, desculpa, desculpa. Foi mal mesmo, é que porra, é foda pra mim. Eu te amo.
- Pedro, eu também te amo. Mas se você tivesse falado que já transou com um cara, eu só não ia querer que isso acontecesse enquanto estivéssemos juntos. Só isso.
- Ta bom então, vamos esquecer isso, okay?
- Como se você fosse conseguir...
- Claro que consigo... Só mais uma pergunta: você comeu ou deu pra elas? Bom, eu tenho que saber, vai que você comeu e vai querer se engraçar comigo também...
- (sarcástica, estendendo o dedo médio para Pedro) É, até por que, eu até poderia me engraçar com você, do jeito que você é tapado, ia achar normal e ia até gostar...

Pedro faz cara de enfado. Eles se abraçam, se beijam e saem andando. As crianças ao fundo, batendo palmas e jogando a bola pro alto.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Que inveja

"Dizer que seja eterno enquanto dure é como dizer que estarei feliz só por um dia ter acontecido.Tudo bem que isso não deixa de ser verdade, mas preciso admitir que vai bater uma saudade imensa, que vou esperar sua janelinha subir aqui no MSN, e ficar indo e vindo do quarto, só pra fingir surpresa se por acaso você falar comigo.E se alguém vier me dizer que você está com outra pessoa, lê-se na época : KENGA, vou fingir indiferença e falar que desejo apenas que seja feliz!O que hoje é normal, vai passar a ser motivo pra esse coração aqui acelerar: Se me chamar de Lu, já vou me achar íntima denovo, no sinônimo mesmo de amor e ficar na esperança de receber flores e cartão com um pedido de desculpas por ter sido tão bobo ao ponto de me deixar.
Mas eu vou te perdoar, me fazer de difícil sim devido ao meu IMENSO orgulho e me desesperar se você disser que tudo bem se eu não te perdoar.Não tem que estar tudo bem!Desespere-se como eu, chore como eu chorei e corra atrás de mim como eu quero.Vou colocar no nick que estou doente, que morri, que estou triste, que o papagaio do primo da vizinha da minha tia que mora em Caxias caiu da gaiola e eu quero que você venha me perguntar se estou bem, se eu quero conversar sobre isso a frente de uma mesa com duas velas, um jantar , um vinho ( já posso até ouvir o som dos violinos ).Uma mensagem no meio da noite dizendo que sente saudades, ou revelando a brincadeira de péssimo gosto que foi simular um término de namoro.
Envolver amigos, parentes e atores convidados nisso, não foi nada bonito.Mas tudo bem, você nunca foi tão bom com as idéias, o que vale é a intenção!Mas chega de trabalhar com um futuro improvável.Afinal, quem é que quer perder alguém que dedica tanto amor, atenção e faz tanta coisa pra te fazer feliz?Você já viu que sua vida vai ser infernal sem mim né? Então acho melhor nem cogitar a hipótese de terminar comigo.Deixa que eu fico com o relógio e digo até que horas vai a nossa eternidade.Vem aqui, diz que me ama e que também não viveria sem mim."

Bom, os mais espertos que perceberam as aspas já sabem: o texto não é meu. Mas é tão bom que parece que é! Bom, quase, né.... É de uma menina chamada Luise. E, pasmem, ela tem dezessete anos. Pra você ver... Achei que merecia que eu botasse aqui. É o primeiro texto do blogue que não é meu, tirando os clássicos, Drummond, Vinicius etc. Ah, e fiquem tranquilos, meus textos vão voltar logo após os comerciais. Até por que, quando ela começar a escrever melhor que eu, vou ter que matar ela e todos os amigos e familiares dela, pra não ter prova disso, aí eu paro de botar texto dela aqui. Por hoje é só, pessoal. Morram de saudade de mim, até por que, quem comentar pedindo mais texto dela, além de sumariamente ignorado vai ter bloqueado pra comentários do blogue.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

A diferença entre a realidade e a ficção, é que a ficção faz muito mais sentido

Ultimamente tenho tido alguns, digamos, problemas, com relação aos meus textos. Não problemas técnicos, nem de opinião pública, pelo contrário. Mas problemas com respeito ao conteúdo. Explico melhor. A priori, numa olhada rápida, quem lê meus últimos cinco textos aqui pode pensar que eu estou apaixonado por três mulheres diferentes. A ex, do texto “homenagem...”, a menininha ruiva, do “A menininha ruiva” e a do telefonema, em “a mesma lua”. Mas quem me conhece sabe que não é bem assim. Pelo menos essa era minha ilusão. Ultimamente várias - mas quando digo várias, não são duas, são várias – pessoas têm me questionado a respeito. “Como assim, ela quer voltar?”, “O que? Você ainda gosta dela?”, ou “Porra, você gosta da ex, a outra ta com saudade mas você ainda tem essa fixação na ruiva?”. Teve até mesmo um “como assim, pensei que eu era o único caso incubado da sua vida?”. Esse, inclusive, me rendeu um olho roxo e uns bons dias de discussão...
Mas vocês devem estar pensando que essas pessoas estão certas, ora bolas!, afinal, eu escrevi mesmo aquilo tudo. Muita hora nessa calma. Escrever escrevi, sim, mea culpa. Mas daí a tudo o que ta escrito lá, ao pé da letra, ser verdade, são outros quinhentos. Eu não sou um documentarista, muito menos repórter policial. Sou um cronista e, agora, roteirista. Vivo de escrever, e na maioria das vezes, “enfeitar” a realidade. A realidade, acreditem vocês, é muito chata. Esse é o nosso papel. Torná-la mais agradável, mais dramatúrgica, dar mais sentido a ela, ou, como eu costumo dizer, fazer a realidade parecer real.
Pois é, por que na verdade, o diálogo do “a mesma lua” foi meio truncado, sem pé nem cabeça, eram uma da manhã e meu pensamento já estava meio comprometido por algumas cervejas. Mas se eu falasse isso ia ficar chato! Então, eu tornei a realidade bem mais “real”. E dos outros dois textos, o que mais se aproxima do real é o da menininha ruiva, por que a única coisa que tive que fazer foi mudar a ordem de alguns fatos, coisa e tal, pra dar um ar de verdade à verdade, se é que vocês me entendem. A realidade não faz o menor sentido. A ficção sim, na ficção tudo se encaixa, e em uns minutos de leitura, ou em duas horas de filme, tudo faz sentido!
E chega um ponto na vida de um escritor, onde isso se torna inconsciente. Enquanto as coisas acontecem, a sua cabeça já vai vendo tudo muito mais redondo, mais romanceado, e quando a gente para pra escrever, é tudo tão real na nossa cabeça que aquilo vira realidade pra gente. E a gente reescreve a realidade do jeito, que admitam vocês ou não, VOCÊS, leitores, gostariam que ela fosse! Quem gostaria de receber um telefonema bêbado, dizer meia dúzia de besteiras e não lembrar da conversa no dia seguinte? Ou resumir sua história com alguém a um mero “a gente sempre quase fica juntos, mas nunca rolou”. Alguém ia ler isso? O pulo do gato é escrever de modo a fazer o sujeito pensar “putz, isso é muito foda, mas podia ter acontecido comigo de tão real!”. Mas não, não podia, a realidade não é tão real assim. Mas você lê, e acha aquilo muito real, tanto que poderia acontecer com qualquer um, e levanta da cadeira, ou sai do cinema, achando aquilo legal, por era “real”, mas ao mesmo tempo fantástico. Não sou um mentiroso, nem um esquizofrênico. Só ajudo as pessoas a enxergarem a realidade com outros olhos, e ajudo a realidade a ser muito mais real, e cá entre nós, muito mais interessante...

Post Scriptum: Até nesse texto aqui eu dei uma romanceada: não ganhei nenhum olho roxo e não ava bêbado quando recebi o telefonema. Eu nem bebo. Mas não ficou muito melhor assim?

domingo, 24 de junho de 2007

A mesma lua

- Alô? Pedro?

- Oi, quem tá falando?

- Eu, a Leca. Tudo bom? Voz estranha

- Tudo bem tá sim, mas a voz estranha deve ser por que você tem namorado, a gente nãos e fala há semanas e sõ meia noite...

- Ah, é, hehe. Mas e aí, como você tá?

- Bom, Leca, to bem. Tudo indo. Mas por que você ligou? Cadê seu namorado?

- Tá vindo me buscar em meia hora. Só liguei por que tava pensando em você agora...

- (...)

- É, então, tava ouvindo a nossa música. Aí lembrei de você. Deu uma saudadezinha boba. Sabe, uma saudade boa, fiquei aqui ouvindo, pensando em você...

- (...)

- É, aí deu uma saudade, uma vontade de te beijar, te abraçar. Lembrei muito da gente com a música.

- Bom, er... tá, mas, e aí, como você tá?

- Pedro, é sério.

- Porra, Leca, eu sei que é sério, mas o que você quer que eu diga, caralho?! Você tem namorado, ele tá chegando aí em vinte minutos, seus pais adoram ele, ao contrário de mim, você vai casar em uns meses e, como você mesmo diz, você nunca esteve tão feliz! O que você quer que eu fale, Alessandra??

- Pára de falar assim comigo, e de me chamar de Alessandra. Não falei nada demais.

- Nada demais? Nós terminamos, ou melhor, eu terminei com você há sete meses, você tá namorando o “Principe encantado”, vai casar, tá feliz, já falou que errou em tentar voltar comigo e tal... Aí de repende você e liga “com saudades e vontade de me abraçar e me beijar”? É, nada demais mesmo. Eu que to ficando maluco.

- (...)

- Tá, foi mal. Eu também sinto falta. Muita. Já te falei que me arrependi do que aconteceu, e que sinto sua falta. Você deve estar gargalhando me ouvindo falar isso...

- Pedro, claro que não. Mas já falei que to feliz assim.

- Feliz? E tá me ligando uma da manhã, dizendo que tá pensando em mim, que tá com saudade e quer me beijar e me abraçar, e me diz que tá feliz? Porra, se não tivesse então...

- Eu to, mas deu saudade. Só isso.

- Só isso? Você tem namorado e sente saudade de mim?

- É...

- Então tá bom. Eu também sinto sua falta, muita. Também lembro de você, e também penso em como poderia ter sido diferente se eu tivesse tentado mais...

- Quem disse que eu penso nisso?

- Precisa dizer, Leca?

- Bom, Pedro, é isso. Vou lá, sabe, o Mauro deve estar chegando. A gente se fala. Amanhã eu te ligo. Mas que eu to morrendo de saudade, eu to.

- Tá. Mas posso pedir uma coisa? Se essa saudade for só pra masturbar seu ego e ouvir que eu também sinto falta, de que eu me arrependi, precisa ligar mais não. Mas se for de verdade, liga sim. E se mudar alguma coisa, me fala. A gente dá um jeito

- Mudar o que, Pedro?

- Nada, esquece. Se mudar, você vai lembrar e me falar...

- Bom, tá bom então. To indo. Beijos, saudade.

- Beijos. E se cuida. Se precisar de alguma coisa pode ligar, tá?!

- Tá, beijos.

- Beijo.

E agora, pensavam a mesma, e viam a mesma cena. Ela, sentada no carro do namorado; ele, sozinho no portão da casa onde acontecia uma festa. Ambos olhavam a lua, e se sentiam unidos por estarem vendo a mesma coisa, mesmo não estando. Ele tentava adivinhar o que se passva na cabeça daquela louca. Ela também tentava. E assim como antes de se beijarem pela primeira vez eles já sabiam que iria acontecer, eles agora, de alguma maneira, sabiam que ainda iriam, algum dia, de algum modo, contemplar essa mesma lua, juntos. Essa mesma lua que já presenciou beijos, brigas, carícias, conversas, agora tinha que dividir sua atenção, pois era observada de dois lugares diferentes, mas que compartilhavam dos mesmos pensamentos, sentimentos e desejos. Mas essa lua triste também sabia que, um dia, ainda iria vê-los olhando para ela juntos, e iria sorrir quando, juntos e abraçados, ele falasse, corroborando o bom entrosamento e o bom humor que sempre tiveram:

- Que cara de pau! Você no carro do seu namorado pensando em mim? Eu pelo menos mandei as meninas saírem da cama pra eu pensar em você sozinho....

- Palhaço, hahahahahahahahahah.

Close nos dois. Eles se beijam. Fade out deles até o céu, onde a câmera vira para o outro lado e vemos a lua. A lua mais bonita e brilhante que eles já viram. Ou melhor, a lua mais bonita e brilhante que já olhou pra eles...

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Mentiras sinceras me interessam

Eram um casal normal, na medida em que ninguém é normal mesmo... Tinham suas qualidades, seus defeitos, como todo mundo. Se conheceram uns dois meses antes desse episódio ocorrer, e logo começaram a namorar. Fora uma paixão avassaladora. Como todas as paixões. Ele era um doce canalha, desses que fala palavrão por aí, tem tiradas machistas, mas é um romântico que, entre quatro paredes, derrete qualquer uma. Ela, havia tido um passado um pouco duro, que a havia feito se acostumar a homens broncos e frios, mas que agora se derretia diante desse cara com jeito de moleque que havia cruzado o caminho dela. Se davam muito bem. Se entendiam, se tratavam de uma maneira quase utópica. Se amavam e se abraçavam e se beijavam o tempo todo.

Porém, havia um porém. Esse porém, porém, era realmente um problema: ela havia feito algumas coisas da qual não se orgulhava tanto no passado. Havia traído alguns ex-namorados, por motivos alheios que não vêm ao caso. Nada demais, nada escabroso demais, porém, era, definitivamente, um porém. Ele, por sua vez, nunca havia feito isso. Era um canalha de mão cheia. Quando solteiro. Quando enamorado, virava um paspalho sem tamanho. Fazia até textos com palavras como paspalho, enamorado e mão cheia em homenagem à namorada.

Onde está o problema?, vocês me perguntam. Ei-lo: essa pequena diferença de atitudes passadas causava uma espécie de distância moral entre eles. Pelo lado dela, um sentimento de que fizera algo errado e não era digna do amor dele, e por isso, vivia se desculpando e era muito insegura do amor que ele tinha por ela. Pelo lado dele, é até engraçado. Era um rebelde: não um desses babacas que fazer piercings até no dedão do pé. Um rebelde politizado. Escrevia com fina ironia, não se vendia, não ligava pra nada que ninguém falava e não era nenhum modelo de ética e virtude, cá entre nós. Muito pelo contrário. E isso causava nele um certo desconforto. Como uma menina tão linda e meiga como ela poderia ter feito, uma vez na vida sequer, algo pior que ele? Como alguém como ele poderia ter uma “superioridade moral” com relação a quem quer que fosse? Isso sem falar que o incomodava a insegurança dela, se achando pouco merecedora de seu amor. E ele, lançando mão de toda sua idiotice habitual, resolveu resolver o problema:

- Amor. Tenho que te contar uma coisa: eu traí a Gesilêide. É, minha ex-namorada, essa mesmo. Traí, e não tinha coragem de te contar.... Achei que você podia pensar besteira. Pronto, contei, toma sua decisão, eu vou entender...

Ele sabia que ela não o largaria por isso, mas não sabia, a partir daí, o que aconteceria. Jamais traíra Gesilêide, a tratara como uma princesa, uma santa. Jamais a traíra sequer em pensamento. Mas decidiu inventar pra tentar solucionar o problema. E inventou. Ela ficara furiosa, achando que ele tinha mentido para ela esse tempo todo, que ele era um santinho do pau oco!, que nunca acreditou na virtude dele mesmo! Onde já se viu? Um cara com 26 anos que nunca traiu?! Logo vi que era tipo! E ficou alguns dias assim. Meio triste, meio decepcionada. Depois de uma semana, ela o perdoou e fizeram as pazes. Isso foi há vinte e sete anos, seis meses antes de se casarem. E hoje, depois desse tempo todo, ele jura que a relação deles é perfeita. Eles se tratam de igual pra igual. Ninguém acha que não é merecedor do amor do outro, ou que o outro está lhe fazendo um favor em amar tamanho monstro nem nada disso. Se amam da mesma maneira, e são amados da mesma maneira. E ela nunca jogara aquilo na cara dele. Nunca. Agora, porém, havia outro porém: a culpa agora o consumia. Como podia ter mentido para uma pessoa tão condescendente e compreensiva? Definitivamente, hoje ele percebera isso enquanto lembrava dessa história, ele não merecia o amor dela...